Quem alvejou a carruagem do Visconde de Ouro Preto Foram estudantes de medicina Quem pagou o pato foi a negra quitandeira Que estava trabalhando A adesão de uma parte da população à causa de Sabina É típica de uma certa solidariedade de rua Aquela que vez por outra nos restitui a esperança Em meio ao desencanto Por outro lado, a negra Sabina Representada pela grega Menarezzi É o emblema do racismo de uma cidade Fundada para expulsar franceses Que um dia resolveu ser francesa Para esconder que é profundamente africana No meio de tudo isso, a estrela maior do Rio de Janeiro Personagem mais fascinante e incômoda Da aventura civilizatória na Guanabara A Rua (com letra maiúscula) Disputada, tensionada, cantada Praticada como terreiro e desencantada pelos automóveis Rua da Quitanda de Sabina, da truculência do poder Da gramática dos corpos que passam ou sambam Do corpo crivado de balas de Marielle Amarrado ao poste por justiceiros Encantado pela fantasia de carnaval Rejuvenescido por cocares do Cacique e Bolas Pretas Rua que fede, nauseia e, ao mesmo tempo Aduba e revigora a nossa renitente mania De montar de novo, e de novo, e de novo A quitanda que alguns insistem em arrasar