A vida tem seus caminhos, De constantes incertezas, Repletas de estreitas curvas, Até que meu olhar turva Denunciando estas tristezas... Navegar nos rios do peito Pra encontrar dentro de mim O porquê de pescar sonhos, Nesses mares tão tristonhos Que parecem não ter fim. Diz a lenda do sem fim, Que a noite finda mais pobre, Sem luar na madrugada E o barqueiro na cruzada Troca a alma por dois cobres. Quando a esperança se esvai, Eu perco o rumo do norte, Pois meus olhos não têm luz E o barqueiro me conduz Nos descaminhos da morte. Pra os que perderam o brilho, O barqueiro estende a mão, Encerrando algum viver - Pois prefiro então morrer Que entregar-me à solidão - Esse é o tal preço da vida, Pra quem encerra a existência... Tem que pagar um valor, Pra o barqueiro-condutor Remar nos charcos da ausência.